Ó paí, ó!
 
 
Pessoas de bem que moram no Pelourinho lamentam criminalidade, apesar de todo o policiamento
 
     
 
Adriana Selma
Da equipe de reportagem
 
     
     
     
 

Igrejas, rodas de capoeira, batuques, muitas baianas de acarajé, prédios coloridos e casarões em estilo colonial... Essas são marcas do principal ponto turístico de Salvador: o Centro Histórico. No entanto, por trás das cores que o embelezam e que atraem pessoas de diversos países, existe uma parte da população que se considera insegura, insatisfeita e preocupada com os rumos que o lugar está tomando.

Como é comum acontecer, as regiões que recebem turistas geralmente são as que possuem a segurança mais reforçada e não seria diferente com o Pelourinho. É notável a presença de policiais pelas ruas, fazendo rondas, o que se tornou, inclusive uma característica daquela área. Com isso, pressupõe-se que os visitantes, em geral, podem se sentir protegidos e à vontade para passear, conhecer os atrativos, fazer suas compras, além de os moradores se sentirem mais seguros.

Certamente os turistas são os principais alvos dos assaltantes, mas nem todos podem ser considerados, de fato, vítimas. Muitas vezes, tentando agir fora da lei, eles buscam pontos de droga e caem em armações e “pegadinhas”, a exemplo daqueles que imaginam estar comprando cocaína, mas, na verdade, estão levando, pelo mesmo preço, antiácidos triturados. E como consumidores que se sentem prejudicados, se dão o direito de ir à Delegacia de Proteção ao Turista (DELTUR) para prestar queixa, como se estivessem agindo legalmente no “ato de compra”.

A própria DELTUR, a primeira delegacia para o turista do Brasil, oferece cartilhas com algumas informações para evitar inconvenientes. A delegacia trata de problemas ocorridos contra os turistas, mas também situações negativas ocasionadas por eles, a exemplo de agressão a outra pessoas, não pagamento de meios de hospedagem, uso de drogas ilícitas, dentre outros.

Comerciantes e moradores da região queixam-se dos prejuízos devido à criminalidade, como, por exemplo, a ação de “trombadinhas” que furtam tudo o que vêem, desde câmeras a bonés velhos,  tendo como conseqüência o desgaste da imagem do Pelourinho.

Luciana Alves, 25 anos, funcionária de uma loja do Centro Histórico, diz que “é perigoso sair do trabalho depois das seis da tarde por causa de assaltos. Às vezes tenho a sensação que a polícia só é pra turista, não pro restante, e de noite a coisa fica feia”.

Do mesmo modo, Zeni Oliveira, residente do Pelourinho desde que nasceu, há 20 anos, afirma que “quando um morador qualquer precisa dos policiais não tem ajuda, mas se fosse um gringo todo mundo tava procurando o ladrão. Não tô vendo a hora de sair daqui”.

Por outro lado, para algumas pessoas, como Cíntia Almeida, esta situação deve-se às péssimas condições de vida que os soteropolitanos têm, com muita pobreza e desemprego, o que, por conseqüência, acaba refletindo nos índices negativos da cidade. Segundo ela, “o Pelourinho é apenas um pequeno retrato do que a cidade está se tornando. Levam até caneta de pobre. Aqui tem muita gente boa, só que os ruins sujam o grupo todo. A polícia faz o trabalho dela, mas não pode segurar tudo sozinha”.

 

 
     
 
 

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