Sob tratamento
 
 
Padre Pinto, que escandalizou a Igreja Católica com excessos de liberalidade, está internado
 
     
 
Guilherme Lopes
Da equipe de reportagem
 
     
 
 
Reprodução
 
 
 
 
Padre Pinto, de chapéu, com Caetano
 
 
     
 

Pouco mais de um ano depois de protagonizar um dos episódios mais chamativos dentro da Igreja Católica na Bahia, o padre José Pinto, antigo pároco da Igreja da Lapinha, em Salvador, há meses não aparece na mídia. Fernanda Santana, asessora de imprensa da Arquidiocese de Salvador informa que Pinto encontra-se internado “para tratar de problemas de saúde” ocasionados por sua avançada idade. A internação ocorre na sede da Sociedade das Divinas Vocações (ordem à qual pertence o religioso), situada no bairro de São Caetano, na capital baiana, desde maio de 2006. No local, uma secretária, que se identificou como Lizete, informou à reportagem que nenhum sacerdote estava presente “para falar sobre o assunto”.

Fernanda Santana acrescenta que padre Pinto “encontra-se bem e não deixou de ser padre”, embora não esteja celebrando missas.

Padre Pinto ganhou notoriedade depois de “escandalizar” uma parte importante de membros e fiéis da Igreja Católica ao introduzir, na celebração da missa da Festa de Reis (6 de janeiro) do ano passado, elementos de religiões afro-brasileiras como o candomblé, tornando a cerimônia nada convencional. Bailarino de formação clássica (estudou balé no Teatro Municipal do Rio de Janeiro), o padre adotou roupas coloridas “para homenagear as diferentes raças” e encenou alguns passos de baile sobre o altar. “Há 20 anos que eu não dançava, o cardiologista me liberou, voltei com gás”, declarou, na época, à imprensa.

Após o episódio, o padre foi a festas populares, deu entrevistas, esteve no Festival de Verão de Salvador, onde deu um beijo na boca de Caetano Veloso, e foi a uma boate gay na capital baiana. Em março do ano passado ele expôs suas pinturas na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia. Também se “internou” por alguns dias num Terreiro de Candomblé.

Desde maio de 2006, ele saiu de circulação, quando fechou seu  ateliê nas imediações do Porto da Barra. Uma senhora que trabalha próximo ao local, e que preferiu não se identificar, disse ainda que viu o padre ir buscar alguns pertences em novembro do ano passado. “Ele estava normal, sem maquiagem nem nenhuma roupa estranha, deve ter tomado jeito”.

Na Internet há várias comunidades de fãs criadas logo após a “performance” do padre na Festa de Reis, com tópicos de pessoas perguntando sobre seu paradeiro. A reportagem quis entrevistá-lo, mas a assessoria da Arquidiocese afirma que a Ordem dos Padres Vocacionistas é “muito reservada” e não gosta de falar com à imprensa.

 

 
     
 
 

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