Macchu Picchu ou Corcovado?
 
 
Em julho serão anunciadas as novas 7 maravilhas da humanidade; candidatas da AL têm problemas
 
     
 
Leonardo Azevedo
Da equipe de reportagem
 
     
 
 
 
 
 
 
Macchu Picchu
 
 
     
 

Machu Picchu, Peru, e o Corcovado, no Rio de Janeiro, estão entre os locais que merecem atenção neste momento.

Pirâmide de Giza. Jardins Suspensos da Babilônia. Templo de Ártemis. Colosso de Rhodes. Estátua de Zeus do Olimpo. Mausoléu de Halicarnasso. Farol de Alexandria. Dois mil e duzentos anos depois de serem listadas pelo poeta grego Homero, essas figuras serão substituídos no dia 7 de julho de 2007 (a data define a quantidade: 7/07/07), quando as novas maravilhas serão apresentadas ao mundo numa cerimônia em Lisboa, Portugal.

A regra é clara: as Novas Sete Maravilhas do Mundo devem ter sido construídas antes do ano 2000 e eleitas por votação popular, pelo site www.new7wonders.com ou por celular, telefone fixo, e-mail ou locais de visita. Da pré-lista de 200 locais, 21 foram classificadas para a “final” e agora, faltando menos de 45 dias para a data-limite da eleição, a disputa se torna acirrada: os diversos órgãos e agentes de turismo incentivam a escolha dos seus locais como a próxima maravilha do mundo.

Como as Sete Maravilhas seriam, agora, mais do que simples referência histórica (já que, da antiga seleção, poucas ainda existem e boa parte é considerada mito), a América Latina luta com o Velho Mundo para garantir o seu nome em possíveis tours de “Visite os Sete Grandes”. A página oficial do Corcovado é toda dedicada à eleição deste monumento. Em Cusco (capital do antigo Império Inca) e Machu Picchu, no Peru, por todos os lados vê-se mesas de votação dispostas a angariar o maior número de votos possível.

O difícil, porém, não é obter votos, e sim merecer o status de Maravilha. Enquanto monumentos como o Coliseu ou a Torre Eiffel são complementados pela organização social e boa segurança pública exibidas pelos seus países, a América Latina sofre com a pobreza, o transporte público falho e a falta de uma infra-estrutura que permita ao turista tirar fotos sem se preocupar em ter a sua máquina roubada.

O transporte público em Cusco é feito de kombis caindo aos pedaços e táxis sem taxímetro. “O preço é negociado na hora e, como o turista não sabe as distâncias, o condutor pede a quantia que desejar”, afirmou à reportagem do JF Helen Del Risco, 21 anos, nativa, no início de maio. Uma corrida que custaria, para ela, 3 novos soles (aproximadamente um dólar americano) não sairia por menos de 20 soles para um estrangeiro. “Muitas vezes, o próprio turista percebe que está sendo roubado, mas não pode fazer nada, não tem onde reclamar nem como provar a injustiça que está sofrendo”. Os oficiais de polícia e agentes de turismo mudam de assunto quando questionados sobre o problema.

Problemas semelhantes, no entanto, também atingem o Corcovado. Na primeira quinzena de maio deste ano, o alemão Mario Knauthe, 23 anos, encontrou dificuldades em ver o Cristo Redentor. Sob suspeitas de desvio de dinheiro, o pedágio fora fechado pela Polícia Federal e pelo Ibama, e vinte pessoas foram presas, entre elas agentes de turismo e policiais militares. Mario teve de escolher subir os cinco quilômetros a pé ou desembolsar mais 36 reais para o trem. “Não é tão caro, mas o correto é que o turista possa escolher entre um táxi, uma kombi, ir a pé ou de trem”, lamenta Mario.

Problemas mil, a América Latina parece querer manter, nesses dois monumentos, a essência de uma Maravilha: a inacessibilidade”.

 

 
     
 
 

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