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Dos males, o menor

CETAD/UFBA tenta reduzir danos em usuários de drogas desde 1995, prevenindo a AIDS

 

Lucas Dias
Da equipe de reportagem

 
 
Distribuir seringas descartáveis entre usuários de drogas injetáveis para prevenir a contaminação do HIV, vírus transmissor da AIDS (Síndrome da Imuno-Deficiência Adquirida). Ajudar o usuário de forma imediata e sem preconceito. Esse é o objetivo dos Programas de Redução de Danos. Um novo jeito de encarar as drogas, não mais através do tratamento com abstinência, mas sim, através de uma estratégia de minimização de danos e comportamentos de alto risco.

O Centro de Estudos e Tratamento do Abuso de Drogas (CETAD) – projeto de extensão permanente da Faculdade de Medicina da UFBA -, é pioneiro em Salvador na implementação de atividades desse tipo, no ano de 1995. Segundo o psicanalista Luiz Alberto Tavares, coordenador do Espaço de Convivência GAIA/CETAD, os programas de troca de seringas criados naquela época tiveram um impacto significativo na redução de usuários infectados, e conseqüentemente na sobrevida dos pacientes, sem acarretar num maior consumo de drogas como se pensava.

Outra tática adotada para redução de danos entre usuários de drogas pesadas é a sua substituição por uma mais leve e que cause menos danos. O tratamento prevê uma diminuição gradual como forma de combater a dependência química e diminuir o sofrimento do usuário com a abstinência. “Alguns serviços não fazem da abstinência a única alternativa de tratamento para o usuário. O trabalho se dá numa proposta terapêutica em que o paciente possa deixar o uso de drogas mais danosas para a saúde como o crack e a cocaína, ainda que mantenha, por exemplo, o uso da maconha”, afirma Tavares.

Um estudante universitário, que preferiu não se identificar, afirma que já foi usuário de cocaína e usou essa tática para diminuir o seu vício. Com acompanhamento psicoterápico, ele conseguiu deixar o uso de cocaína, passando a ser usuário da maconha. “É difícil parar de usar cocaína assim do nada e maconha não faz quase mal nenhum”.

Mas a redução de danos não se restringe apenas às drogas ilícitas, se estende também às drogas lícitas como álcool e tabaco. O consumo exagerado de cerveja, por exemplo, é um dos grandes responsáveis pelo número de acidentes de trânsito e a redução de danos se aplica nesse caso através de medidas e comportamentos simples, como no caso, beber e não dirigir, beber água intercaladamente quando consumir bebida alcoólica, e até mesmo escolher entre amigos aquele que será o “motorista do grupo”, pessoa que deverá ficar sem beber.

Para Luiz Alberto Tavares, os usuários de drogas lícitas são mais difíceis de serem tratados, porque usam drogas aceitas socialmente, e mais toleradas, o que leva o dependente a procurar os serviços de saúde mais tardiamente. “O álcool é a substância psicoativa mais consumida no país e o grande problema de saúde pública”.

Essa prática ganhou mais destaque com o surgimento da Aids na década de 80. Desde então, projetos de redução de danos foram desenvolvidos em vários países do mundo, sendo que muitos deles adotaram essas medidas como política pública de drogas, como a Dinamarca, Holanda, Austrália, Suíça, Canadá, Nova Zelândia e Espanha.
 
 
 
   
 
 
   
   
   
 
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Universidade Federal da Bahia. Jornal da Facom. 2007.