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Assim não dá

Pessoas com deficiência impedidas de acesso facili­tado aos serviços públicos

 

Nina Santos
Da equipe de reportagem

 
Diego Mascarenhas
 
 

Mesmo com os últimos números do censo do IBGE (2000) contabilizando 462 mil 340 pessoas com deficiência em Salvador, a cidade ainda não conseguiu se tornar acessível para elas. Até nos lugares onde se tentou intervir em favor, isso foi feito de forma precária e descuidada. Para Aruane Garzedin, professora da Faculdade de Arquitetura da UFBA e participante da comissão de acessibilidade do CREA (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura), um dos problemas é o descuido no planejamento das obras. “Às vezes, ao reformar uma praça, se coloca uma rampa no projeto, mas se esquecem de planejar a rampa do outro lado da rua, onde não há reforma”, diz ela.

O caminho tátil do centro da cidade é um exemplo grotesco de um mau planejamento. Essa pista, que dá acesso à Associação de Cegos da Bahia, é especializada para deficientes visuais, tendo pequenas elevações no solo que deveriam servir de guia ao deslocamento. Postes e telefones públicos no meio do trajeto e curvas não sinalizadas dificultam o ir e vir de qualquer deficiente visual. Joselita dos Santos, que perdeu a visão aos treze anos, vai todos os dias à associação e já se diz acostumada com esse trecho. O caminho tátil que ela segue diariamente ao sair da associação vai até a ladeira do Shopping Lapa, quando é bruscamente interrompido, obrigando-a a seguir caminhando sem referência concreta de que caminho seguir. Apesar dos problemas, Indiara Teixeira, diretora da Associação Baiana de Cegos, afirma que progressos já foram feitos. Um dos mais significativos, segundo ela, foi a Lei das Cotas (LEI 8.213/91), que incentivou a inclusão no mercado de trabalho, obrigando as empresas a terem uma porcentagem de funcionários deficientes.

Em contrapartida, a Lei do Cão Guia, sancionada em 2005 e referendada por um decreto presidencial em setembro de 2006, parece não ter tido grande efeito. Ela permite o acesso dos portadores de deficiência visual a locais públicos e transportes coletivos acompanhados de cães-guia, porém manter esse animal não é nada barato. “Eu só conheço uma pessoa de Salvador que utiliza cão guia”, diz Islândia Costa, arquiteta e coordenadora da ONG Vida Brasil. Para ela, a organização do movimento das pessoas com deficiência “é um grande ganho”.

Hoje existem instâncias governamentais voltadas para a garantia da acessibilidade. Luiza Câmara, presidente da Associação Baiana de Deficientes Físicos, lembra que a luta se intensificou com o anúncio da ONU (Organização das Nações Unidas) de que 1981 seria o ano internacional das pessoas deficientes. Contudo, alerta que o descaso ainda é grande com essa parte da população.

Segundo Ricardo da Costa, engenheiro civil e funcionário da SEPLAN (Secretaria de Planejamento), providências já estão sendo tomadas no sentido de ampliar a inclusão.

 
 

 

 

 

 

 

 
   
 
 
   
   
   
 
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Universidade Federal da Bahia. Jornal da Facom. 2007.