Ninguém sabe de nada. É esta a situação atual do prometido Curso de Cinema da Universidade Federal da Bahia, que há um ano anda na boca dos estudantes e professores. Durante o II Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual (2 a 9 de abril de 2006), foi divulgado um manifesto para a implantação de um curso de cinema na UFBA. O reitor Naomar Almeida Filho recebeu o abaixo-assinado e acatou publicamente a idéia, supostamente encaminhando a proposta para os diretores das unidades da área de Artes e Comunicação da universidade. “Defendo que o Curso de Cinema não esteja sediado em uma única escola ou faculdade”, afirmou o reitor, classificando o cinema como um “belo exemplo de multi-arte”. Até agora, nada foi feito.
O diretor da Escola de Belas Artes, Roaleno Costa, afirma que sua escola não foi consultada sobre o assunto. “Desconheço completamente a proposta”, afirma o diretor, que embora já tenha ouvido falar na vontade de se instalar o curso de cinema na UFBA, “nunca ouvi nenhuma citação à Escola de Belas Artes”. O coordenador do Colegiado da Faculdade de Comunicação (Facom), Mauricio Tavares, possível local de instalação do tal curso, também diz não saber de nada. “O Colegiado não recebeu informação nenhuma”, afirma.
A Pró-Reitoria de Ensino de Graduação, responsável pelos estudantes e cursos de graduação da Universidade, não possui sequer projeto em tramitação. “Nada foi encaminhado para nós”, afirma o Pró-Reitor de Graduação, Maerbal Marinho. “Apenas o reitor pode dizer a respeito”. O reitor Naomar Almeida garante que continua com interesse pleno na implantação do curso. “Recentemente conversei com Juca Ferreira [secretário-executivo do Ministério da Cultura] sobre apoios possíveis do MinC e ele manifestou interesse em definirmos um nicho especial, como por exemplo o cinema de animação”.
Pelo próprio caráter interdisciplinar que o curso teria, o reitor espera concretizar este projeto “assim que se tenha definições sobre a estrutura curricular da Universidade Nova”, projeto que planeja uma mudança profunda nas Universidades Federais brasileiras, e que tem a UFBA como uma das primeiras a preparar sua implementação
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Enquanto nada sai do papel – neste caso, nem no papel está ainda – as opiniões se dividem. “Deveriam se preocupar em melhorar a estrutura de cursos já existentes, antes de se gastar recursos para implantar um novo curso”, opina André Setaro, crítico de cinema e professor da Facom. Mas também pondera: “Este curso de cinema é o fator novidade, é mais por questões políticas do que realista”. Já Francisco Serafim, também professor da Facom, acha que é muito importante este novo curso, “visto que já temos na universidade cursos de teatro, música, dança... Falta a sétima arte ser representada”. Naomar afirma que já solicitou ao Gabinete da Reitoria o agendamento de uma reunião com os dirigentes das unidades e órgãos envolvidos, apenas na expectativa de acelerar o processo.
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