Não, queridos, eu não estoy escrebiendo em italiano. Nem em castelhano. O título deste texto é uma reprodução “ipsis literis’ do nickname de alguém que vi na lista de amigos do msn de um affair que espionei en mi casa. Por ser um rapaz de idade com ares de intelectual, resisti durante muito tempo a usar o msn/orkut por achar que isso não é coisa de gente séria. E que seria uma perda de tempo (quase escrevi “perca”, pq estou me reeducando no Orkut). Mas, resolvi ser um cibercidadão e fazer parte do mundo dos blogs. Só não consegui ainda ser um ativo produtor de flogs. Se me perguntam se tenho flogão, respondo que o meu é de quatro bocas e é Dako. O trocadilho é só com as quatro bocas. Apesar de em informática não ser up to date, também não sou um rabugento que se escandaliza com a linguagem dos chats e conversas online. Mas a incapacidade que alguns têm de escrever em português compreensível me deixa irritadinho.
Tentei conversar no msn com um rapaz que não conheço e descobri que seria mais fácil conversar com alguém em francês. Ele iniciou a conversa com um “colé”. Como não gosto de mimetizar o que se convencionou chamar de linguagem jovem, respondi com “qual é a sua?” Pra minha surpresa, meu interlocutor não entendeu a pergunta. Mudei a cor do texto para verde e ele teve um insight (ou uma epifania) e respondeu “agora estou entendendo” (escrito de outra maneira , é claro). Comecei a me perguntar se ele era um leitor fanático do livro “A linguagem das cores”. É claro que eu estava viajando como um mochileiro das galáxias. O rapaz tinha dificuldades de entender e compreender português mesmo. Passei os olhos na lista de amigos do meu amigo e entendi que a dificuldade de escrever na última flor do Lácio era regra geral naquele ambiente. Acabei colecionando frases de identificação usadas MSN, todas do mesmo quilate de “piu robano a sena”. Algumas, além de escritas de forma peculiar, apresentavam construções complicadas e de difícil apreensão. Uma garota se apresentava como lema: “a esperança é dinâmica e sinonima da sorte sempre está oculto quando lutamos emcontramos”. Passei dias tentando decifrar o aforismo. Quebrei a cabeça pra entender quem estava “oculto” e quem era a “sinonima”. Desisti. Acho que a garota deve ser considerada um crânio no meio da roda dela (com cacófato e tudo). Seria uma máxima moral ou indiciava que ela deveria ser lida como uma adivinhação? Peço que a adicionem no msn e tentem resolver essa questão pra mim.
Não pensem que só vejo problemas em pessoas analfabetas funcionais. Entrei na comunidade da Facom no Orkut e fiquei estarrecido com a indigência verbal dos seus membros. Em duas ou três páginas de comentários as pessoas repetiam “calouro vai morrer” e pequenas variações do mesmo tema. Quando os calouros, coitados, respondiam às intimações eram advertidos de que eram muito “osados”. Sei que isso é uma brincadeirinha, mas não dava pra ser mais criativo? Tem muita gente usando a internet como desculpa para a dificuldade de escrever na língua padrão. E tem muita gente escrevendo sem ter nada a dizer. Um filósofo alemão já disse: “quando não se tem o que falar, é melhor calar”. A língua é dinâmica. E a burrice é estática e eterna.