Os descompassos de um jornal laboratório
 
     
 
Giovandro Ferreira
 
     
     
 

“Ágora” com “Ivo viu a uva na UFBA”. Uma nova coluna do Jornal da Facom (JF), uma nova discussão no Departamento de Comunicação. Infelizmente, a disparidade entre as expectativas de uma das instâncias mais representativas e democráticas da Faculdade de Comunicação, e a visão do professor Fernando Conceição, editor responsável pelo jornal laboratório do curso, não é novidade. Ela se inicia já com o nome do jornal. Em reunião com os alunos, surgiu uma única proposta - a do professor , é claro - para que o nome do jornal fosse mudado para “Merda”. Mais de uma vez, tentamos convencer o professor que tal nome não era adequado para um jornal laboratório do curso de jornalismo. O Departamento rejeitou por unanimidade a proposta do professor.

O Jornal da Facom (JF), como passou a ser chamado, foi novamente objeto de discussão em reunião do Departamento. Inicialmente, em razão de uma carta de protesto de uma leitora, dirigida ao Magnífico Reitor, que por sua vez, a enviou à Direção da Faculdade. Como o assunto era da alçada do Departamento de Comunicação, a referida carta foi, então, entregue ao seu Chefe, que a colocou em discussão. O Departamento propor a publicação da carta no JF, após o acordo da autora. Isso ocorreu, porém o professor responsável se deu no direito fazer uma afirmação, acompanhando tal publicação que a Direção havia feito “tempestade num copo d’água”.

O segundo ponto de discussão foi introduzido em razão da matéria intitulada “Ilê Aiyê e o seu próprio umbigo”, publicada pelo JF, na qual consta declaração de um dos diretores do “Ilê Aiyê”, totalmente descontextualizada, simplesmente para afirmar uma visão do grupo afro na matéria, coincidente com a do professor Fernando Conceição. Diante da acumulação de tais fatos, indicativos - no mínimo - de problemas na condução da disciplina, o Departamento propos a inclusão de ponto específico de pauta, numa próxima reunião, com objetivo de buscar o estabelecimento de mecanismos para um melhor acompanhamento dos produtos laboratoriais do curso.

Sem mesmo ter iniciado a discussão do ponto acima, no último número do JF foi criada a coluna “Ágora”, de que o professor Fernando Conceição se serviu para lançar suspeitas e acusações a colegas e dirigentes da UFBA. A diatribe foi apresentada como calcada nas melhores das intenções “republicanas”, com apelo ao “bom uso da coisa pública”, helás.

Diante de todo esse histórico, fica a pergunta: quais são as funções de um jornal laboratório, conforme definido pelo próprio Ministério da Educação, e exigido como prática obrigatória em cursos de jornalismo? Coroar aprendizagens e desenvolver novas experiências e linguagens jornalísticas, ou ser a imagem e semelhança do falido e altamente personalizado “Província da Bahia”, até recentemente produzido pelo professor Fernando Conceição, e que ele agora tenta reviver, em versão laboratorial, financiada com recursos públicos? A resposta deve ser dada pelo Departamento de Comunicação, em livre discussão envolvendo todos os seus membros docentes e representantes discentes. Esquivar-se antecipadamente a qualquer decisão departamental, que vise normatizar e garantir qualidade aos produtos laboratoriais da Faculdade, aos gritos de “olha o lobo, olha o lobo”, temperados com insinuações caluniosas e de péssimo gosto, em nada abona o suposto “espírito republicano”, do qual o professor Fernando Conceição se considera o único ungido.

 
 

 

 
     
 
 

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