SOCIEDADE
Jovens: foco de investimentos
Congresso reúne representantes mundiais e revela Bahia como 3º estado em número de projetos desenvolvidos para juventude
Mariana Menezes
Jovens são os principais beneficiados pelas iniciativas dos associados à Rede GIFE (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas) por meio de Investimento Social Privado (ISP) no Brasil. Isso é o que indica o Censo GIFE 2007/2008, divulgado durante o 5º Congresso GIFE Sobre Investimento Social Privado, realizado entre os dias 2 e 4 de abril no Pestana Bahia Hotel, em Salvador. Com o tema “Experiências Locais, Transformações Globais”, o evento reuniu mais de 700 representações da filantropia nacional e internacional, debatendo as complexidades dos novos arranjos do ISP, sua legitimidade e sustentabilidade. Os dados foram coletados entre novembro de 2007 e fevereiro de 2008, restringindo-se ao universo de 101 organizações associadas, hoje são 102. No total, 81 associados responderam ao questionário. Em parceria com o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatísticas (IBOPE), o Instituto Paulo Montenegro e o Instituto IBI, a quarta edição do Censo GIFE indica que seus associados investiram cerca de R$1,15 bilhão, recurso distribuído de forma homogênea por todos os estados, embora tenha ocorrido com maior concentração em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia. Segundo Rachel Melo, jornalista, professora da Universidade de Brasília e consultora da área, o total investido pelos associados à Rede GIFE é maior que o orçamento do Ministério da Cultura e representa 62% do volume de investimentos do Governo Federal em Programas de apoio à juventude. São Paulo é o estado brasileiro no qual são desenvolvidos mais projetos voltados exclusivamente para a juventude, com 79%, seguido do Rio de Janeiro com 54% e Bahia com 48%. Dentre os motivos mencionados pelos associados ao GIFE para aplicar o ISP nesse público estão: os indicadores sócio-econômicos, a crença no papel da juventude contra a replicação da pobreza e a falta de políticas públicas voltadas para essa faixa etária. Ao contrário do que aconteceu na década de 90, quando as crianças foram as principais beneficiadas por projetos, o estudo atual registrou que os jovens, entre 18 e 24 anos, são o público de atuação de 51% dos associados. Cerca de 45% atuam na faixa etária entre 15 e 17 anos, enquanto que 39% focam em crianças de 7 a 14 anos e 28% entre 0 e 6 anos de idade. Pensando em desenvolvimento sustentável, o investimento na juventude é encarado pelos associados como uma forma de criar melhores condições de vida no futuro.
Ênfase na educação
O censo indica que, em 83% dos projetos, a educação é o principal foco de atuação das entidades ligadas ao GIFE, o que indica a preocupação dos associados em combater as causas dos problemas sociais com ações que geram resultados a longo prazo. As atividades relacionadas à capacitação profissional (59%), à cultura e artes (55%), à geração de trabalho e renda (53%) e ao apoio à gestão do Terceiro Setor (53%) são algumas das 12 principais áreas de atuação. Uma das justificativas para que cultura e artes seja o terceiro campo mais apoiado pelos associados é a possibilidade de isenção de impostos através das Leis de Incentivos Fiscais, como Lei Rouanet e do Audiovisual. As linhas de ação do projeto variam: 64% dos programas são profissionalizantes, 59% buscam a inserção no mercado de trabalho e 55% enfocam o protagonismo juvenil. Este último é caracterizado por ações desenvolvidas com o jovem e não para o jovem, entendendo- o como parte da solução e não do problema. A implementação dos projetos segue ainda uma lógica cíclica, regida pela complementaridade das atividades realizadas pelos membros do GIFE: as ações educativas estão voltadas para a formação profissional, que ao longo do ciclo gera trabalho e renda. Dessa forma as demandas são atendidas de maneira multisetorial.
Atuação
As entidades associadas ao GIFE têm participação direta no financiamento, desenvolvimento e monitoramento dos projetos apoiados por elas. Essa é a principal distinção entre o Investimento Social Privado e à prática da chamada responsabilidade social. Enquanto o primeiro se caracteriza pelo repasse voluntário de recursos privados de forma planejada, monitorada e sistemática para projetos sociais de interesse público, o segundo constitui-se numa forma de conduzir os negócios da empresa de tal maneira que a torne parceira e co-responsável pelo desenvolvimento social. Os critérios utilizados pelos membros da entidade para definir suas ações é o estudo dos indicadores socioeconômicos ou de vulnerabilidade das localidades passíveis de serem beneficiadas. As que apresentarem piores números têm mais chances de obter apoio das instituições. Contudo, a grande maioria dos membros do grupo prefere atender às demandas das comunidades próximas ao local em que estão instalados. Fernando Rossetti, secretário geral do GIFE, destaca a importância do congresso e explica que ainda há muito para aprender e ensinar. “No século passado, as empresas pensavam em não dar o peixe e sim em ensinar a pescar. Esse Congresso mostra que já não basta apenas ensinar a pescar, mas é hora de pensar em toda a Cadeia Produtiva e sua sustentabilidade”, pontuou. |
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